Alimentos Marinhos Funcionais
O Oceano oferece-nos alimentos ricos em proteínas com baixo teor de gordura, omega3, vitamina D, iodo, zinco e outros elementos.
Esses alimentos funcionais (ou nutricêuticos) contribuem para a prevenção de doenças e melhoria do nosso bem-estar e saúde. O envelhecimento crescente das populações, a diminuição da qualidade de vida causada pelo “stress”, a alta incidência das chamadas “doenças modernas” (doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, cancro e sobretudo doenças imunitárias) justificam a crescente procura por alimentos e dietas diferenciadas.
O Oceano fornece uma grande fonte de alimentos funcionais saudáveis e saborosos, nomeadamente bivalves (mexilhão, amêijoa, ostra, lingueirão, etc) e algas marinhas. Estes espécimes marinhos são fonte de uma gande diversidade de produtos químicos bioactivos com propriedades biológicas funcionais. O consumo de alimentos de origem marinha, em particular bivalves e algas, será por isso uma opção recomendável e uma tendência natural nos nossos hábitos alimentares futuros.
Portugal é o país europeu onde se consomem mais alimentos marinhos. Disfrute!
Três regras essenciais: boa qualidade da “matéria-prima”, cozinhar com tempo, utilizar pouco sal.
RECEITAS
Amêijoas à Bulhão Pato
Ingredientes:
– 1 kg de amêijoas (amêijoa boa);
– 1 dl de azeite;
– 2 dentes de alho cortados em rodelas;
– 1 molhinho de coentros picados;
– 1 limão;
– Sal e pimenta q.b.;
Preparação:
Deixe as amêijoas em água com sal, para perderem a areia, lavando de seguida. Num tacho largo, coloque o azeite, os alhos e deixe aquecer. Junte metade dos coentros e depois de ferver, junte as amêijoas. Tempere com um pouco de sal e com pimenta. Mexa tudo. Tape e deixe cozinhar em lume médio até as amêijoas abrirem. Quando as amêijoas abrirem, desligue o fogão e esprema sumo de meio limão por cima das amêijoas. Acrescente os restantes coentros picados. Decore com os fatias de limão.
Sugestões:
– Usar Amêijoa Boa (do Algarve).
– Acompanhar com pão alentejano para molhar no molho.
– Não poupe nos coentros.
– Bebida: vinho do tipo Alvarinho.
– Não usar vinho branco no molho (receita original).
O Bacalhau à Zé do Pipo era um prato que constava em todas as ementas dos restaurantes, nos anos 80. Esta receita tem desaparecido das ementas mas continua a ser uma das grandes receitas clássicas de bacalhau. Neste bacalhau à Zé do Pipo segui a receita de Maria de Lourdes Modesto, publicada no livro Cozinha Tradicional Portuguesa. Há quem acrescente pimento vermelho à cebolada ou coloque picles picados por cima do bacalhau, antes de colocar a maionese. Eu prefiro manter a receita clássica, mais simples.
Ingredientes:
(Para 4 pessoas)
– 2 lombos de bacalhau demolhado
– Batata cozida para o puré
– 2 cebolas
– 2 dentes de alho esmagados
– Leite para cozer o bacalhau
– 2 colheres de sopa de azeite
– Maionese
– Louro, sal, pimenta e noz moscada a gosto
– Azeitonas pretas.
Preparação: Corta-se o bacalhau em pedaços e leva-se a cozer em leite. Numa frigideira mete-se um pouco de azeite, o louro, sal e a pimenta moída. Acrescente as cebolas cortadas em rodelas finas e o alho esmagado e deixe amolecer em lume brando. Depois de cozido, escorre-se o bacalhau e coloca-se num recipiente de barro. Deita-se a cebolada sobre as postas de bacalhau, que depois se cobrem completamente com a maionese. Coloca-se o puré de batata( feito com um pouco do azeite onde se confitaram as cebolas ou manteiga, um pouco de leite da cozedura do bacalhau e uma pitada de noz moscada) em volta do bacalhau. Leva-se ao forno a gratinar
Enfeita-se com azeitonas pretas. Este prato presta-se a uma bonita apresentação final numa composição artística.
Bacalhau é o nome comum de várias espécies de peixes classificadas em vários géneros, em particular no gênero Gadus, pertencente à família Gadidae, sendo o dito “original”, ou “verdadeiro”, o bacalhau encontrado no Oceano Atlântico, chamado Gadus morhua, que é uma das cerca de 60 espécies da mesma família de peixes migratórios. O Gadus vive nos mares frios do norte, sendo geralmente de tamanho pequeno, embora alguns exemplares possam chegar a pesar 100 kg e medir pouco menos de dois metros. Alimenta-se de outros peixes menores, como o arenque.(fonte: Wikipédia). Os primeiros indícios relacionados com a pesca e a salga do bacalhau em Portugal, remontam ao século XIV. Foi na época dos Descobrimentos, que os portugueses viram o bacalhau como o peixe ideal, que resistia às longas travessias marítimas. Os pioneiros na pesca do bacalhau foram os vikings que, na falta do sal, deixavam o peixe a secar ao ar livre, dispostos nos barcos. Na Idade Média, o sal era um trunfo que os portugueses tinham e utilizavam como moeda de troca com os países nórdicos, de quem importavam o bacalhau e para quem exportavam o sal.
Da Terra Nova para terras lusitanas
A pesca do bacalhau começou pela Terra Nova e Gronelândia, em grandes veleiros, os lugres, mais tarde substituídos pelos navios de arrasto. A seca e salga, a cura tradicional portuguesa, isenta de substâncias químicas, preservava as propriedades nutricionais do peixe. Este processo conferia características de aroma, sabor e textura únicas. Foi da época dos Descobrimentos que surgiu o rótulo “bacalhau da Noruega”, uma vez que data os relatos da primeira relação de pesca de bacalhau com o método da salga, durante essas mesmas viagens de descobertas.
O controlo sobre a frota do bacalhau
Por volta do ano de 1506 nasceu um imposto sobre o bacalhau que entrava nos portos entre o Douro e o Minho. Entretanto, a pesca por frotas portuguesas manteve-se irregular e acabou por ser interrompida durante a dinastia filipina. O consumo do bacalhau salgado seco generalizou-se durante o século XVII e, até ao século XX, consumia-se o chamado “bacalhau inglês”. Portugal retomou as suas viagens à Terra Nova no ano de 1835, pela Companhia de Pescarias Lisbonense. Durante séculos, o bacalhau não era visto como um alimento de primeira categoria. Em 1790, distribuiu-se o seu consumo social, espacial e culinariamente pela cidade de Lisboa, integrando-se nos hábitos alimentares das classes média e alta. Assim, o peixe passou a ser consumido por aristocratas, médicos, estrangeiros e ricos que habitavam as zonas do Bairro Alto, do Príncipe Real e da Estrela. A Casa Real chegou, inclusive, a ter os seus fornecedores próprios, durante os séculos XVIII e XIX.
A identidade do país revista no Estado Novo
O Estado Novo afeta também diretamente o rumo do bacalhau na identidade do país. Em 1937, decorre a primeira e única greve dos bacalhoeiros em Portugal, durante o regime salazarista, da qual surge um conjunto de medidas de enquadramento, proteção e incentivo a estes pescadores. O pico da captura da frota bacalhoeira portuguesa assinalou-se nas décadas de 1950 e 1960, aumentando cerca de 60% da produção do bacalhau que se consumia, face ao ano de 1934. As viagens duravam em torno de seis meses e o regresso era sempre feito com menos homens, do que aqueles que haviam partido. As condições de trabalho não eram favoráveis, eram perigosas. O nevoeiro e os icebergues eram os principais obstáculos aos bacalhoeiros, seguidos dos fortes ventos e ondulações. Entre as jornadas de trabalho que testavam a sua resiliência, estavam os instrumentos primitivos, como a pesca com linhas e anzóis, as tarefas no convés e o próprio constrangimento da salga a bordo.
A riqueza do bacalhau na gastronomia
O bacalhau é de fácil digestão e apresenta uma elevada riqueza de proteínas de alto valor biológico, de minerais como o iodo, fósforo, sódio, potássio, ferro e cálcio, tal como vitaminas do complexo B. Trata-se de um peixe magro, fonte de ácidos gordos polinsaturados, destacando-se pelo ómega 3, representando um papel importante como protetor sobre o sistema cardiovascular, preventivo sobre o cancro e promotor do desenvolvimento do sistema imunológico. O processo de demolha do bacalhau permite reidratar os tecidos e retirar o excesso de sal, utilizado na cura e manutenção deste.
Bolinhos de Bacalhau (Receita da “nossa” Maria de Lourdes Modesto)
Ingredientes:
– 500 gr de bacalhau
– 400 gr de batatas
– 1 cebola
– 2 c. de sopa de salsa picada
– 1 cálice de vinho do porto
– 4 ovos
– Sal q.b.
– Pimenta q.b.
– Noz moscada q.b.
– Óleo para fritar
Preparação: Coza as batatas em água e sal. Reduza-as a puré. Coza o bacalhau, escorra-o, limpe-o de peles e espinhas. Coloque o bacalhau num pano limpo, esfregue bem o bacalhau no pano até ficar completamente desfeito em fios. Numa tigela junte o puré de batata, o bacalhau, a cebola bem picada, a salsa picada e o vinho do porto. Tempere com sal, pimenta e noz moscada. Incorpore os ovos inteiros, um a um. Mexa tudo bem até ficar bem ligado. Molde os bolinhos com a ajuda de duas colheres de sopa. Frite em óleo abundante e bem quente. Escorra em papel absorvente e sirva com uma salada ou com arroz.
Nota: Em Lisboa chamam “pastéis” aos bolinhos. Enfim…! Valha-nos a tradição!
Bacalhau com Broa
– 500g couve-portuguesa
– 2 c. de chá de pimentão doce
– coentros frescos (qb)
– pimenta (qb)
– 600g bacalhau congelado
– 200g cebola
– 3 dentes de alho
– 6 c. de sopa de azeite
– 500g broa de milho
Preparação: Preaqueça o forno a 180º C. Coza as postas de bacalhau em água a ferver, tendo o cuidado de não as deixar cozer muito. Retire do lume e reserve a água. Depois de arrefecerem um pouco, limpe as postas de peles e espinhas e reduza a lascas. Reserve. Lave bem a couve, corte em tiras finas e coza na água do bacalhau 8 a 10 minutos. Escorra bem, depois de cozida. Corte a cebola e 2 dentes de alho em rodelas finas e leve a refogar numa frigideira com 4 colheres de sopa de azeite. Adicione o pimentão doce, o bacalhau e a couve cozida, envolvendo muito bem. Com uma faca bem afiada, abra uma tampa na parte de cima da broa e escave com uma colher, retirando todo o miolo. Junte-o ao preparado de bacalhau, cebola e couve. Rectifique os temperos e coloque o bacalhau preparado dentro da broa, fechando-a com a tampa de broa. Leve ao forno a 200º C durante 5 minutos. Tire do forno, retire a tampa, regue com uma mistura de 2 colheres de sopa de azeite quente, 1 alho e coentros finamente picados.
POLVO: Na Mestre do Mar temos uma especial simpatia pelo Polvo (Octpus vulgaris).
O Polvo é um animal especial, muito inteligente e até amigável (quando ganha confiança com o mergulhador).
A nossa mascote, o Polvi, é muito sensível à poluição no mar. Por esse motivo, e apesar de ser muito saboroso, declinamos apresentar receitas sobre o mesmo.
No entanto, felizmente o Polvo não é ainda uma espécie em vias de extinção. Reproduz-se abundantemente. Se não o comermos, algum predador tomará o nosso lugar…